Traçando a história da Dama do Reggae 


Célia Sampaio (São Luís do Maranhão, 30 de março de 1964), é uma cantora e compositora de reggae.

Cresceu no Bairro da Liberdade, uma região de classe baixa, formou-se em enfermagem, também produz corte e costura ligados elementos africanos.

Em 1984, Célia Sampaio começou a cantar no Bloco Afro Akomabu, primeiro bloco afro do carnaval do Maranhão. Canções do Ilê Aiyê e Filhos de Gandhi, ambos da Bahia foram algumas das músicas interpretadas por ela durante a Folia de Momo.

Também fazia parte do corpo de baile da Companhia Barrica ao lado da também cantora maranhense, Rita Ribeiro.

Era a única mulher a integrar a banda Guethos, a primeira banda de reggae a tocar no palco do Teatro Arthur Azevedo, um dos antigos do Brasil, que fica na Cidade dos Azulejos na capital do Maranhão.

Fez apresentações na Alemanha, e também no Estado do Pará. Atuou como Backing Vocal de cantores de reggae internacional, tais como, Erick Donaldson e Judy Boucher.

Em 1999, partiu para a carreira solo abandonando a banda de reggae, e integrou o Projeto Nordeste, fazendo a abertura do show de Rita Ribeiro no Sesc-Pompéia, no Estado de São Paulo.

Esse show foi importante para a divulgação de sua carreira, com ele ganhou visibilidade diante de outros artistas da música brasileira, como: Virginia Rodrigues, Mestre Ambrósio,Leci Brandão, Chico César e Nação Zumbi.

Em 2000, Célia lançou seu primeiro CD solo intitulado "Diferente", composição de Zé Lopes e que dá nome ao disco. O CD ainda trazia composições de Paulinho Akomabu, Alê Muniz, Mano Borges e outros compositores maranhenses já reconhecidos no estado. Este disco deu à Célia Sampaio, o prêmio Universidade FM, prêmio mais importante da música maranhense. Seus maiores sucessos são todos de um compositor maranhense chamado Paulinho Akomabu, no Reggae a música Black Power e no afoxé Ayabá Rainha.

Participou de discos de cantores como Zé Lopes, das bandas de rap, Clã Nordestino e Banda Reação, do bloco afro Akomabu, da Universidade FM, do CD do MST, interpretando a música Passamento (Joãozinho Ribeiro) e outros. Célia também já vez backing vocal pra cantora maranhense e sua amiga, Rosa Reis.

No ano de 2009, Célia Sampaio participou do show SOS Maranhão realizado pela cantora Alcione, sua conterrânea, que foi um movimento solidário para com as pessoas que tiveram suas casas devastadas pelas chuvas no Estado do Maranhão.

Sua trajetória na música maranhense e brasileira lhe valeu o título de "Dama do Reggae!", porque num período onde somente homens se destacavam nesse estilo musical, Célia Sampaio surgiu ao soltar sua.

No ano de 2011 recebeu o Troféu Black Power, uma festa que premiou os maiores artistas do Reggae do Maranhão. Neste evento Célia Sampaio foi a homenageada principal.

No carnaval de 2012, Célia Sampaio foi homenageada pela escola de samba Unidos de Ribamar que cantou o bairro da Liberdade, local onde a cantora nasceu e viveu grande parte de sua vida.

Consagrou-se campeã da 8ª Mostra de Música do Bloco Afro Akomabu interpretando a canção Negro Axé dos irmãos Marco e Henrique Duailibe para o tema Ilha Negra de São Luís.

Atualmente divulga o CD Oyá que traz regravações de Reggae e Afoxé cantados por Célia Sampaio nos últimos anos.

 

 

 

Reggae no Maranhão

 

São Luis, capital do Maranhão é a cidade brasileira que tem o maior consumo do reggae roots, o reggae de raízes, e por isso foi apelidada de Jamaica Brasileira.

São Luis é uma cidade abençoada, de clima místico, manifestações populares, belos azulejos portugueses e muito sol iluminando o litoral. As suas belas praias com extensas faixas de areia oferecem paisagens deslumbrantes e uma preciosa culinária à beira-mar.

Desde o final da década de 70 quando o reggae invadiu o Maranhão através dos rádios sintonizados em ondas curtas (costume do povo local para poder ouvir os sons que vinham do Caribe) chegando até as radíolas (verdadeiros paredões em equipamentos de som que agitam as festas até hoje), esse ritmo é um fenômeno que não pára de crescer. Ainda que alguns artistas famosos como Gilberto Gil na época já tocasse um reggae aqui e outro ali nos shows, na verdade os fãs nem sabiam direito o que era aquilo, tanto que os primeiros discos de reggae que surgiram em São Luis só se encontravam nas lojas na seção de rock ou algum outro estilo, mas as festas de reggae no Maranhão já mostravam os sintomas da nova febre.
No Maranhão, o reggae se expandiu de tal forma e as famosas radíolas cresceram e se tornaram parte da cultura, totalmente enraizada no coração de São Luis. As radíolas oferecem a disposição da massa regueira toneladas em potências e auto falantes e milhares de watts de potência para uma inesquecível noite de reggae.

O que é mais fantástico em São Luis certamente são os salões de reggae. Uma cultura do gueto que aflorou com uma linguagem às vezes rude e às vezes extremamente sensual. A maneira como se dança, se veste, se comporta, como se elege um reggae e o transforma numa “pedra” ou “pedrada” (um reggae irresistível), tudo isso é um mistério meio sem explicação. A magia das festas nos povoados e sítios do interior, debaixo de mangueiras e barracões precários de barro e madeira, a rivalidade dos clubes de reggae e das radíolas, tudo isso é um filme que ainda está bem vivo. Se acredita que o maior acervo de reggae raiz do mundo hoje se encontre no Maranhão, graças à persistência dos Djs, donos de clubes de reggae e de radíolas que iam buscar discos na Jamaica, Inglaterra ou aonde tivesse, isso por anos a fio....

Cantores jamaicanos  como Eric Donaldson, Stanley Beckford,Honey Boy,Jimmy London, Ken Fyfe, Owen Gray, Joe Higgs são muito escutados e endeusados na cidade,que também realiza o famoso festival de reggae Maranhão Roots Reggae Festival,sempre com presença de muitas feras do reggae jamaicano,além das bandas brasileiras..

São Luis ainda revelou bandas nacionais como a Tribo de Jah,sem dúvida alguma uma das mais expressivas bandas de reggae raiz brasileiras,e ainda outras excelentes bandas do reggae como Mystical Roots e Mano Bantu (antes Nego Banto),Banda Legenda,as cantoras Célia Sampaio,tida como a "Dama do Reggae",Luciana Simões e outros...

 

Bloco Afro Akomabu

O bloco Afro Akomabu criada em 03 de março de 1984, como mais um instrumento de luta do Centro de Cultura Negra do Maranhão no combate a discriminação racial através da preservação e valorização da riqueza cultural do povo negro.

O bloco saiu pelas ruas de São Luís pela primeira vez com 60 pessoas que eram militantes do CCN e os freqüentadores de terreiros de Mina (em dialeto Jeje-nagô) e algumas músicas e algumas músicas do Bloco Afro Ilê Aiyê, da Bahia. Com um ritmo contagiante do afoxé-mina, envolve toda a população da ilha, seduzindo negros(as) e não negros(as) para um despertar da consciência racial, mostrando toda a sua beleza.

Akomabu em língua Fon significa "a cultura não deve morrer" e o bloco afro Akomabu é a presença viva e pulsante da cultura negra do Maranhão.Já não é mais um   bloco formado só por negros, mas de todas as pessoas que se identificam com a luta e os ritmos trazidos para o Brasil pelos africanos.

Em 1985 houve a primeira escolha de tema para o bloco, sendo que nesse ano as músicas do Akomabu foram feitas sobre o tema geral intitulado “Luta de negro”. Nos anos seguintes o bloco trabalhou com os seguintes temas: Pérolas Negras (86);Negrice Axé (87); Africanto (88); 10 anos do CCN (89); Religião Mina no Maranhão (90); Reggae: da Jamaica ao Maranhão (91); Quilombos e quilombolas (92); Frechal, terra de preto (93); Raízes África Brasil (94); Tricentenário de Zumbi dos Palmares (95); Orixás, os deuses africanos no Brasil (96); Rainhas Negras no Reino Akomabu (97); Bairro da liberdade: espaço e expressão da negritude (98); CCN 20 anos de história (99); Axé Povo Afro Tupy (2000); Tambor de Crioula (2001); Religiosidade africana no Maranhão: do Jejê-Mina ao Nagô (2002); Abanjá: um mergulho na cultura afro do Maranhão (2003); Da África ao Maranhão: Akomabu cultura e tradição (2004);Codó: Terra dos Encantos e Magia da Cultura e Tradição Afro Maranhense(2005); Periafricania: Da Capoeira ao Hip-Hop(2006);Procissão Quilombola em busca da Paz(2007);Akomabu vem protestar 120 anos da falsa abolição(2008);CCN 30 anos-Omoobá,Pretas Velhas e as Ervas Medicinais(2009) e África:um legado de conhecimentos e riqueza(2010); Do Akomabu do Maranhão ao Ilê Aiyê da Bahia: negro toca tambor mas também quer poder(2011) e Ilha Negra de São Luís(2012).

Para o ano de 2013: Mundinha Araújo: A Guerreira que faz história.